OUTROS RELATOS
VISITANTES, TESTEMUNHAS, PROFETAS E FUGITIVOS RELATAM SUAS ASSUSTADORAS EXPERIÊNCIAS
Vídeo #03 - Dois relatos de uma mesma pessoa
Ana, do grupo de Setealém do Facebook, enviou dois relatos. O mais interessante é que ela contou duas histórias completamente opostas com a diferença de poucos dias. Será verdade? Assista e tire suas conclusões.
Vídeo #02 - Seis relatos estranhos
Seis relatos estranhos e bem diferentes entre si. E então? O que já sabemos? O que dá para dizer sobre SETEALÉM?
Vídeo #01 - Relatos e Email Sinistro
Enquanto eu editava esse primeiro vídeo com relatos, recebi um e-mail interessante. Leia, tire suas conclusões e deixe seu comentário.
EXPLICAÇÃO: A comunidade no Orkut
Mais de dez anos depois, decidi utilizar a então popular rede social Orkut para descobrir mais sobre Setealém. Criei uma comunidade com esse nome, mas não escrevi exatamente do que se tratava o grupo. Eu queria que o nome trouxesse respostas. Foi uma maneira de verificar se meu delírio fazia algum sentido.
Após algumas semanas de marasmo, pessoas dos mais distantes pontos do País começaram a ingressar na comunidade perguntando o significado do termo Setealém. Ao mesmo tempo que perguntavam, também relatavam suas experiências incríveis que, de maneira geral, se assemelhavam muito com a minha.
A cada nova interação, uma história interessante surgia, até que, com o passar do tempo, o objetivo principal da comunidade se desvirtuou e acabou virando um fórum de histórias genéricas de horror e ficção. Como moderador, apaguei a comunidade, não sem antes copiar cada uma das histórias referentes a Setealém.
Veja, abaixo, alguns relatos que encontrei nessas primeiras buscas.
Relato: O Tambor é um portal
[RELATO NOVO] Nessa rotina intensa de pesquisas sobre Setealém, tenho coletado muito depoimento interessante. Desculpem a demora, mas quero ser bem criterioso quanto a Setealém, porque isso tem movimentado MUITA GENTE. Setealém não é meu, é nosso. É de todos que passaram pela experiência ou querem passar. DIVULGUEM.
Esse relato, em especial, mexeu comigo pela sinceridade do entrevistado. Abaixo, reescrevo o que ele me contou. Não estou autorizado a usar o vídeo, apesar de que ele não colocou obstáculos para a divulgação de suas imagens, porém, seus dois filhos – já adultos, uma moça e um rapaz - me pediram para não revelar a identidade de ninguém para não comprometer a família.
“Meu nome é Marcos B., sou morador do bairro da Saúde, em São Paulo. Quando me mudei para essa casa, encontrei um tambor grande dentro de um closet. Era um instrumento de um metro e meio de altura, com um raio grande. Nunca consegui identificar se era indígena ou africano. Na verdade, não parecia de lugar nenhum. A madeira era escura, dura, mas estranhamente leve e o couro...em nome de Deus...o couro parecia pele de gente...meu Jesus!
Bom, nunca mexi naquilo, mas também nunca joguei fora. O fato é que na primeira festa que dei aqui, um casal de vizinhos mais velhos aqui do bairro perguntou sobre o tambor. Chegaram a oferecer muito dinheiro por ele e eu concordei em vender, mas a transação em si ficou para outro dia.
Naquela mesma noite, após a festa, um homem tocou a campainha de casa. Ele se apresentou como filho do casal e pediu que eu JAMAIS vendesse o tambor aos idosos. Ele me contou que o tambor era um instrumento ritualístico usado POR UMA SEITA ANTIGA da São Paulo recém-inaugurada. Essa seita usava o tambor para PUNIR e PREMIAR as crianças. Funcionava assim: as crianças boazinhas eram colocadas individualmente debaixo do tambor. Então, o sacerdote batia DUAS VEZES no tambor e, segundo as lendas, a criança SUMIA por UMA HORA e depois retornava pelo mato. Essa criança, felizarda, dizia ter ido para um local feliz, com crianças belas, brinquedos, ‘estranhas máquinas flutuantes’, guloseimas e ‘animais bizarros nunca vistos’. Diziam brincar nesse ‘jardim azulado’, até que uma ‘moça boazinha’ vinha para levá-la de volta por um caminho da floresta. A criança, geralmente, afirmava ter passado um dia inteiro nesse local maravilhoso chamado Setealém. Não importava a hora, as crianças diziam ter passado ‘um incrível fim de tarde’.
O homem contou que essa seita PUNIA crianças levadas com o mesmo processo, porém, o sacerdote batia QUATRO VEZES no tambor, assim que a criança era colocada embaixo do instrumento.
De acordo com as lendas, essa criança SUMIA por cerca de CINCO HORAS e voltava por um caminho no mato completamente assustada. Apresentava, geralmente, arranhões, falta de cabelo, sangramento no nariz e permanecia traumatizada por muito tempo. Quando conseguiam narrar sem chorar, diziam ter ido a uma caverna ou a um pântano cheio de pessoas histéricas. Algumas dessas pessoas estavam em profundo sofrimento, outras se divertiam. A criança era açoitada com varinhas finas, em seguida era arrastada por uma carvoaria onde pessoas deformadas ‘saíam das paredes e do chão’ e a arranhavam. Obrigavam-na a comer algumas ‘baratas vermelhas e amarelas com centenas de pernas que se mexiam mesmo quando você as engolia’. Zombavam da criança, assustavam-na até que, num momento, um homem sujo, com longa barba e unhas apodrecidas, empurrava a criança para fora por um caminho da floresta. A criança dizia que havia passado de três a quatro dias no local e que era sempre noite. O local se chamava Setealém e havia outras crianças lá que pareciam ser ‘de tempo diferente’.
Após o homem me contar a história, ele implorou que eu destruísse o tambor e não vendesse aos pais dele. Segundo o homem, os pais dele e o antigo morador da minha casa haviam tentado ‘reviver a seita’ há alguns anos e que, quando ele era criança, testaram o tambor com o irmão dele. O homem afirmou:
- Meus pais colocaram meu irmão dentro do tambor. Só que eu, sem acreditar na história e com a intenção de zombar das crenças deles, bati no tambor não duas e nem quatro, mas SETE VEZES. As luzes piscaram e ouvimos meu irmão gemer.
O resultado daquilo foi que o irmão dele desapareceu PARA SEMPRE. Saiu na imprensa da época e qualquer um pode pesquisar sobre isso. A família foi acusada de sumir com o irmão dele, mas não deu em nada.
Bom, o fato é que não acreditei no homem, mas concordei com ele. Juntos, destruímos o tambor e, no dia seguinte, falei para o casal que havia deixado cair e quebrado.
Nunca esqueci a história do homem e nem o nome do local sinistro. Sempre contei essa história para meus filhos e quando eles viram essas matérias sobre Setealém vieram me mostrar e, por isso é que aceitei contar essa história para você, Luciano.”
Desliguei a câmera arrepiado e agradeci. O senhor Marcos me ligou dias depois assustadíssimo. Segundo ele, há mais quatro tambores desse sendo vendidos no Brasil. A filha dele me passou um dos links de anúncio. Não vou divulgar, mas encomendei um que, até agora, não foi entregue. Nas descrições, nada sobre Setealém é falado, porém, o anúncio (já tirado do ar) dizia que aquele tambor é um PORTAL e que ‘dá barato’ a quem ouve as batidas constantes.
Quando chegar, vou gravar um MP3 e colocar aqui. Seria esse um portal para Setealém? O que vocês acham?
Relato: Minha filha foi pra Setealém
Antônia, enfermeira de 40 anos, comentou o seguinte:
“Aconteceu nessa semana, pessoal. Eu tava vendo televisão. Minha filha, Patrícia, de 7 anos, estava brincando na sala. Ela fez um risco em um papel e falou:
- Mamãe, falta isso de dias pra eu ir na festa na casa do papai!
Ela estava certa. Faltava um dia para a tal festinha. Antes que eu falasse algo, o telefone tocou. Bem na hora da novela! Atendi com raiva. Principalmente porque a extensão da sala estava quebrada e eu tive que atender no meu quarto. Era um homem com voz estranha. Muito grossa e áspera.
- Senhora Antônia? A senhora é mãe da menina Patrícia?
- Sim, sou eu. Quem quer saber?
- A senhora precisa ir até a escadaria do condomínio buscar sua filha.
- Escadaria? Que escadaria? Qual condomínio?
- Eu não sei, senhora. Ela não estava vestida com uma camiseta verde quando desapareceu? A
senhora pode ir até a escadaria do condo...
- Camiseta verde? Minha filha nem tem camiseta verde, seu maluco! Escuta aqui. Vou ligar para a polícia, tá? Minha filha tá aqui na sala comigo. A gente mora em sobrado e não em condomínio. Fica passando trote a essa hora, seu...
O homem desligou.
Corri até a sala e Patrícia estava lá, quietinha com seu caderno e um monte de giz de cera.
Ontem, mandei a Patrícia para a casa do pai dela, para a festinha. Coloquei nela uma blusinha cor de rosa e uma jaqueta por cima. Meu ex-marido me trouxe ela de volta à noite. Patrícia me agarrou muito forte quando me viu. Perguntei se tudo tinha ido bem, ele disse que antes de trazê-la, passou no prédio da nojenta da nova namorada dele e que a Patty derrubou suco na blusa e, por isso, ele precisou pegar uma camiseta emprestada da filha da namorada dele.
Isso mesmo, minha filha estava com uma camiseta verde.
Quis saber se tinha acontecido algo de estranho além disso, ele respondeu que não. Falou que Patrícia saiu da festa toda feliz, mas que na volta ficou estranha e séria. Realmente, minha filha estava muito esquisita.
Quando ele foi embora, tentei conversar com Patty, mas ela não se abriu de início. Insisti muito e ela contou que quando desceu as escadas do prédio da namorada na frente do pai, ela se perdeu e foi parar em um outro prédio chamado Setealém. Ela disse que ficou chorando alto e chamando pelo pai, até que um homem bonzinho, com olhos amarelos, pegou ela e levou pra casa dele.
- Credo, filha, que história maluca é essa? Você não se perdeu do seu pai, não. Ele te trouxe! Tá tudo bem – falei, com a nuca gelada.
- O homem bonzinho com olho amarelo telefonou pra cá, mamãe, mas você disse que pra ele que ia chamar a polícia e que eu tava aqui com você e ele desligou. Depois, ele me mandou descer a escada do prédio de novo e o papai me encontrou.
Somente agora pouco, antes de eu entrar no Orkut, é que minha filha veio me mostrar uma folha de papel com sete riscos. Perguntei o que era aquilo e ela falou:
- Foi isso de dias que eu fiquei na casa do homem, longe de você, mamãe.
Não sei o que dizer. Minha filha passou apenas algumas horas longe de mim, mas consegue contar com convicção cada um dos detalhes dos sete dias em que ficou hospedada na casa do homem bonzinho de olhos amarelos que mora em Setealém."
Relato: Os amigos office-boys
Elisa, da Bahia, postou o seguinte comentário:
“Oi, me chamo Elisa e tenho 17 anos. Não esquentem com esse negócio. Aqui na minha cidade (sou nordestina, tá?) três amigos meus vivem falando de Setealém, Setealém, Setealém. Eles falam que já foram para lá e conhecem gente que veio de lá e se perdeu aqui. Eles trabalham na rua levando documentos e enrolando.
Não sei se eles estão cheirados, mas contaram que esse lugar é que nem um bairro. Você vai pra lá sem querer e quando volta não consegue achar mais a entrada. Falaram que é muito parecido com aqui, mas que tem umas diferenças que dão medo. Também falaram que é lugar muito grande mesmo.
Meu amigo Giba disse que o pessoal de Setealém sabe daqui, mas que a gente não pode saber de lá ainda. Uma garota de lá que ele conheceu falou que algumas autoridades daqui conhecem Setealém, mas não contam pro povo porque não iam saber explicar o que é aquele lugar. Eu acho tudo mentira, mas como encontrei essa comunidade, quis contar.
Eles me falaram que muitas pessoas que sumiram, na verdade, foram para lá e não acharam mais a saída.
O Peterson inventou a pior das mentiras. Ele falou que encontrou o Marcelo, primo dele que desapareceu nos anos 80. Ele disse que conversou com o cara e ele nem sabe que está desaparecido. Ele acha que ainda tá nos anos 80, imagina só! O Peterson falou que esse primo dele tá preso nos anos 80. Que bosta, né? Mentira lascada.
Só entrei aqui pra contar isso.”
Relato: O banheiro do shopping
Júlio, um rapaz de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, narrou a seguinte experiência:
“Meu nome é Júlio, trabalho em uma academia em Porto Alegre. Fiquei feliz por ver essa comunidade porque esse maldito nome não me sai da cabeça.
Há seis meses, fui com a minha namorada ao cinema. Fomos comemorar dois anos de namoro. Fizemos aquele programa básico: jantamos no shopping e depois fomos assistir ao filme. Assim que saímos da sessão, caminhamos pelos corredores para olhar as vitrines. Minha namorada disse que iria comprar uma bolsa e me pediu para esperá-la próximo a uma revistaria. Desconfiei que ela queria me fazer uma surpresa de namoro, concordei e fui olhar algumas revistas da banca. Disse a ela que a aguardaria lá e ela retrucou dizendo que não demoraria.
Assim que ela se afastou, fui ao banheiro que ficava exatamente no corredor em frente à revistaria. Havia quatro ou cinco pessoas no local que é bem grande. Todos os mictórios, porém, estavam ocupados e, por isso, fui a um reservado. Jogo rápido, nem cheguei a travar a porta. Tirei meu celular do cinto e o coloquei sobre uma apara de madeira.
O mais estranho é que não fiquei nem dois minutos dentro do reservado. Ouvi risos de crianças no banheiro e conversas. Assim que terminei de urinar, saí. Não sei se consigo descrever, mas já havia algo estranho no banheiro. Não sou muito de reparar em detalhes. Minha namorada é. Ela é virginiana. Apesar disso, notei que algo havia mudado. Começando pelas luzes que estavam amareladas e não brancas. Muito amareladas, quero dizer. Uma faixa verde bem grossa cruzava a parede e os espelhos estavam menores. Não havia ninguém lá dentro. Nem as crianças que haviam gargalhado há poucos segundos.
Lavei as mãos e achei que estivesse ficando louco. Para mim, a água estava meio morna e muito, muito grossa. Nojenta, para falar a verdade. Procurei por papel e não encontrei. Saí balançando as mãos para secarem no ar.
Fora do banheiro, achei que fosse desmaiar. Achei que havia saído pela porta errada ou entrando em algum corredor novo. Bom, pelo menos, foi o que tentei acreditar.
O shopping estava parecendo, na verdade, uma galeria. Ainda era um shopping, conceitualmente, mas estava bem mais velho e desgastado. A luz era fraca e as lojas pareciam amontoados de produtos. Tudo muito feio.
Andei acelerado até uma área mais aberta e tive a certeza de que não estava mais em um lugar conhecido. Nada era parecido com o que eu já havia visto em algum lugar na minha cidade ou até na televisão. Começando por pequenos detalhes que me assustaram. Havia uns aquários do tamanho de latas de lixo espalhados em todo lugar. Dentro desses aquários, eu identifiquei uma espécie de pano, sei lá, parecia um pedaço de cobertor roxo que ficava se mexendo dentro desses aquários. As pessoas iam até esses aquários e colocavam as duas mãos em cima e começavam a rir! E eram risadas feias, como se tossissem com o peito cheio de catarro. Fiquei parado, olhando para esses aquários. As pessoas vinham em grupos de dois ou três, encostavam e riam. Mexi a cabeça para os lados rapidamente procurando minha namorada. Tudo o que eu queria era entender o que estava acontecendo e ver um rosto conhecido.
As pessoas passavam por mim e me ignoravam. Eram parecidas com pessoas normais, mas ainda assim, não eram totalmente normais. Elas eram parecidas ENTRE ELAS também. Não idênticas, como gêmeos. Não sei explicar. É como quando você viaja para um país diferente onde as pessoas têm traços parecidos, mas também têm traços particulares.
Ah, e a revistaria não estava mais lá.
No local, um homem vendia peças ou algo assim. Ele tinha uma mesa grande de madeira rústica com vários objetos pretos que pareciam ser de ferro. Os objetos tinham formatos estranhos: ganchos, ferraduras e engrenagens. Cheguei perto e ele perguntou se eu ia trocar ou comprar. Eu não respondi.
Uma menina de, mais ou menos, sete anos, se aproximou e pegou uma peça de ferro que parecia uma colher negra e mostrou para a mãe dela. A mãe se aproximou e pegou uma carteira para pagar. A garota apontou a colher para mim e eu pude ver bem seu rosto. Era normal, mas também tinha algo de muito estranho. Não sei se eram as sobrancelhas ou a distância dos olhos. Senti um medo inexplicável. O olhar da menina passava uma maldade sem tamanho.
O homem respondeu para ela:
- Não, não, ele não vai comprar, pode pegar. Acho que ele nem é daqui de Setealém.
A mãe me olhou com nojo. Tomou a colher da menina, colocou de volta na mesa e puxou a filha pra longe de mim, como se eu tivesse uma doença. Comecei a ficar tonto e me sentei em um banco de madeira que era muito parecido com os bancos normais de shopping, exceto que esse era bem mais baixos e só acomodavam uma pessoa. Vi outros bancos desses naquele local.
Um som alto tocou e todo mundo parou e olhou para cima. Era um barulho alto e grave como aquelas buzinas de navio que a gente vê em filme. Depois que o som parou, todos retomaram seus caminhos.
Pensei na minha namorada e na minha mãe. Aquilo só podia ser um sonho. Levantei rápido e fiquei tão tonto que precisei me apoiar em uma vitrine que, falo de todo o meu coração, vendia pombas vivas. Pombas! Umas dez pombas andavam por lá, tentavam voar e se bicavam atrás da vitrine de vidro. Gritei.
As pessoas começaram a me olhar e a apontar para mim. Cochichavam.
Decidi ligar para minha namorada. Coloquei a mão no cinto e meu celular não estava mais preso a ele. Eu havia esquecido na apara do reservado. Voltei pelo corredor e entrei rapidamente no banheiro. Três homens estavam sentados no chão do banheiro. Um deles, debaixo da pia. Conversavam algo que eu não quis nem saber. Pulei por cima deles e entrei no reservado.
Meu celular ainda estava lá. Tranquei a porta, sentei no vaso e tentei ligar para minha namorada, mas não consegui. O aparelho estava simplesmente apagado. Apertei os botões com força, mas não adiantou. Ouvi risos de crianças novamente. Fiquei lá uns dez minutos, até que alguém bateu na porta. Era o rapaz da revistaria. Ele disse que havia me visto entrar no banheiro e que minha namorada já estava me aguardando na banca dele. Ele perguntou se eu estava passando mal ou algo do gênero.
O banheiro estava claro e o shopping estava normal. Minha namorada não acreditou em mim, mas viu que eu estava realmente muito nervoso. Foi o pior dia da minha vida. Estraguei nossa comemoração passando mal do estômago horas depois.
Não voltei ainda ao shopping e estou pensando seriamente em fazer terapia. Eu achei que tinha ficado louco até achar essa comunidade com o mesmo nome dito pelo homem daquela banca bizarra. Setealém. Deus me livre existir um lugar daquele."
BÔNUS
Enquanto busco, centralizo e reescrevo as outras histórias, estou recebendo alguns relatos que não citam necessariamente Setealém, mas que – aparentemente – têm alguma relação.
Neto Ribeiro, Olinda
“Eu li o seu relato no BuzzFeed e fiquei maluco porque pensei que isso só tinha acontecido comigo. E fiquei mais surpreso ainda por saber que outras pessoas falaram contigo sobre experiências parecidas.
Comigo, aconteceu da seguinte forma: sou Pernambucano e moro em Olinda. Aqui, temos uma espécie de Sítio Histórico com igrejas antigas e uma grande praça onde ocorrem algumas festas regionais.
Eu estava passeando de bicicleta por lá em uma segunda-feira à tarde, sem destino fixo. Poucas pessoas circulavam na região, naquele dia. Quando dei por mim, estava em um lugar que nunca tinha visto antes, um local novo, para mim, naquele Sítio. Havia, também, pessoas estranhas.
Todas ficaram me encarando. Parei para tomar água, até que uma senhora se aproximou e perguntou se eu era de lá mesmo. Ela tinha um forte sotaque do sul do Brasil.
Respondi que sim, que eu era pernambucano e que estive toda a minha vida em Olinda. Então, ela me olhou fundo e respondeu:
- Não, meu filho, você não é daqui, não.
Fiquei todo arrepiado e saí de lá rapidamente. Ainda ouvi ela gritar.
- Você não é daqui, não. Volta pro seu lugar!”